segunda-feira, 12 de outubro de 2009

King of Leon - Aha Shake Heartbreak (2004)

Quem não gostaria de ser um dos integrantes do Kings Of Leon? Há motivos de sobra para todo mundo querer ser um dos três irmãos Followill [Caleb, Nathan e Jared] ou o primo Matthew. Eles fazem rock mesmo, sem modismo, na contramão da decantada babação de ovo aos anos 70 e 80. São feios, esporrentos, tocam mal. Arrotam Jack Daniels barato, cantam com um sotaque ininteligível do Tennesse e, ainda por cima, fazem mais sucesso na Inglaterra que nos seus rincões ianques. Se você concorda, caia dentro. Para a alegria geral de garotos que, como eu, amavam Creedence Clearwater Revival e Neil Young, o Kings Of Leon volta à ação pouco tempo depois do lançamento de seu primeiro disco, Youth And Young Manhood, uma avis rara no meio de tantos simulacros de bandas nova-iorquinas de pós-punk temporão. Com decalques lindos e precisos das sonoridades empoeiradas do sul, esta maravilhosa instituição inspiradora de boas bandas, o quarteto saiu evocando as presenças dos citados Young e Creedence [além de ZZ Top, Tom Petty And The Heartbreakers e Greggg Allman] e pariu o sucessor de Youth And Youngmanhood, o soberbo A-Ha Shake Heartbreak, já lançado por aqui pela BMG antes de sua fusão com a Sony. Os Followill são, junto com seus compatriotas do My Morning Jacket, as melhores bandas americanas surgidas nesses anos zero. Aliás, ambas as formações parecem presas em uma fenda temporal, parada em 1975, ignorando tudo o que aconteceu depois disso. Só que o Kings Of Leon é mais chegado em um cow-punk, aquele tipo de som que detona instrumentos enquanto mastiga um capinzinho no canto da boca. Filhos de um pastor protestante que pregava em um trailer no sul dos Estados Unidos, os irmãos Followill começaram a tocar em 1998. Se apresentaram em muita igreja antes de se juntarem ao primo Matthew e decidirem formar o Kings Of Leon, aparentemente livres que qualquer influência eclesiástica em sua atitude ou som. Desde então, lançaram dois EPs [um deles, Holy Roller Novocaine, com as cinco músicas que fariam a espinha dorsal do álbum que lançariam em 2003, o já falado Youth And Youngmanhood]. Os Followill são moleques com idades entre 17 e 24 anos, que estouraram primeiro na Inglaterra – talvez porque sejam, na essência, uma mera banda de bar de beira de estrada. Não interessa tocar bem, apenas continuar tocando e manter o povo distraído. Não se engane, porém, quem pensar que o som é acessório. Nada mais renovador que, em meio ao urbanismo de bandas contemporâneas como Strokes ou White Stripes, o Kings Of Leon saia contando histórias cheias de putaria, bebedeira e pick-ups que fazem pega em cidades com caixa d´água na praça central. A vida caipira americana, talvez o que eles tenham de melhor, é evocada seja na vitalidade da banda ao executar novas velhas músicas como no simples punch que os guia.

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