O disco faz parte de um projeto imponente e ambicioso desse cantor de nome estranho: Sufjan Stevens promete gravar 50 álbuns, cada um tendo com o tema central um estado da nação americana. Faltam 48. Ele já gravou, além de Illinois, o referente a sua terra natal, Greetings from Michigan (2003).
O estado Illinois fica no centro-oeste dos EUA e é o quinto em número de habitantes. Sua capital é Springfield (assim como a cidade dos Simpsons), mas 65% de sua população vive na agitada metrópole de Chicago, que dá nome a uma das melhores canções do álbum de Stevens. A música fez até parte de Pequena Miss Sunshine, filme de Hollywood que fez muito sucesso no começo do ano. É a história de um jovem que viaja para Nova York em uma van com seu amigo e suas emoções durante a jornada faz de Chicago uma daquelas canções-prosa que ficam na memória. “I made a lot of mistakes” (cometi muitos erros), canta Sufjan Stevens enquanto as afinadas coristas afirmam “all things go” (todas as coisas vão).
Mas não só de letras divertidas é feito Illinois. A junção da voz suave de Stevens com as vozes femininas e instrumentos inusitados faz com que a gente queira ouvir ele pra acordar, pra dormir, pra descansar e pra pensar. Podemos ouvir nele o banjo, o oboé, um violão folk acertado, bateria marcada, violinos e a influência do jazz americano.
Stevens canta como quem conta uma história. E faz isso muito bem. É possível perceber entre as palavras cantadas uma extensa pesquisa e grande sentimento patriótico, sem que isso soe piegas ou antiquado. As narrações, cheias de ironias, passeiam pelas cidades do Illinois e nos apresentam personagens do imaginário pessoal do cantor ou famosos nascidos no estado. Além disso, o disco tem canções sobre cidades, feriados específicos, pontos turísticos, lendas urbanas e história dos EUA, além de referências bastante obscuras. A ótima música John Wayne Jr., por exemplo,conta a história da vida de um serial killer que assassinou brutalmente 33 rapazes, com uma fantasia de palhaço. Com certa ironia, e até um pouco de piedade, Stevens narra a infância e os crimes de John Wayne Jr. (condenado a – pasmem – 21 prisões perpétuas e 12 penas de morte por ter assassinado e violentado 29 garotos) com leveza poética que chega a humanizar a crueldade.
Há outras duas coisas que chamam atenção no álbum. A primeira é o número de referências religiosas feitas por Stevens. Nomes bíblicos, acontecimentos religosos e menção a Deus são muito comuns em suas letras, o que é raro no mundo indie. A outra curiosidade é o nome de suas canções, que por si só formam narrativas inteiras. The Man of Metropolis Steals Our Hearts (O Homem de Metropolis Rouba Nossos Corações), e Decatur, Or, Round of Applause For Your Step Mother! (Decatur, ou, uma Salva de Palmas para a sua Madrasta) são dois exemplos.
São esses fatos e detalhes que fazem com que a gente tenha vontade de ouvir Illinois por muito tempo ainda e espere ansiosamente pela próxima viagem de Sufjan Stevens por um estado americano. Parte dos créditos vão para o Jornal da Comunicação. Valeu Galera!
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