Ao colocar o próprio nome em um disco, o artista se predispõe a reunir ali tudo aquilo que o define musicalmente, criando então uma obra à sua imagem e semelhança. Bom, pelo menos é assim que deveria ser.
Mas ao invés disso, Justin Vernon (a mente por trás do Bon Iver), optou por contaminar sua sonoridade límpida, caracterizada pelo folk ambiente, com elementos estéticos de natureza orgânica e eletrônica (de uma forma parecida -- porém mais sutil -- com o que aconteceu ao The Antlers em Burst Apart).
No álbum anterior, o sensacional For Emma, Forever Ago (Jagjaguwar, 2008), o instrumental suave permitia à voz também suave de Vernon sobresair-se quando necessário, para depois se perder entre dedilhados de guitarra ou acordes de piano -- tão simplista quanto genial.
Bon Iver, o álbum, contém momentos de igual equilíbrio e lucidez, como em Minnesota, Holocene, Michicant e Wash, mas também se permite enveredar por tons mais diversificados, o que na maioria das vezes funciona incrivelmente bem: é o caso de Perth, Towers e da bela Calgary (que ganhou um clipe igualmente interessante).
As incursões mais ousadas até podem causar estranhamento a alguns, mas não comprometem muito o conjunto da obra. Hinnom,TX trás manipulações vocais e uma levada synth-pop que é a cara do Oh No Ono -- e até me arrisco a dizer que é uma das faixas mais agradáveis do disco. Já a balada oitentista massante Beth/Rest não caiu muito bem. Enjoativa e descompassada demais, ela está nitidamente deslocada do restante do álbum.
Ao final, o maior mérito de Bon Iver pode não ser a capacidade de expressar fonograficamente o que representa a banda Bon Iver ou o músico Justin Vernon, mas sim a atitude de buscar novos horizontes, a coragem para abandonar a zona de conforto e se aventurar.
Para quem não sabe, o Ukulele não é havaiano. Sério, embora muitos o chamem de "guitarra havaiana", sua origem é portuguesa, mais precisamente da Ilha da Madeira. Foi levado ao Hawaii por portugueses que pra lá imigraram para trabalhar no cultivo da cana-de-açúcar.
Eddie Vedder, acredito, nunca foi cortador de cana, mas também se encantou pelo instrumento. George Harrison, e humildemente este que vos fala também. Nesse segundo álbum solo, o título não poderia ser mais auto-explicativo: Ukulele Songs traz versões de músicas famosas, bem como algumas composições inéditas, baseadas nas quatro cordas do peculiar instrumento musical.
A maioria das músicas de Ukulele Songs têm qualidade suficiente para, hipoteticamente, serem utilizadas em um álbum do Pearl Jam. Assim, é inevitável questionar o futuro criativo do grupo, especialmente com um novo álbum já em andamento, pois está claro que Vedder tem capacidade para compor músicas cativantes, e que sua voz está em ótima forma. No entanto, é possível que a química entre Vedder e os demais quatro integrantes necessite de um novo estímulo.
"Can't Keep", originalmente lançada pelo Pearl Jam no álbum Riot Act, abre o disco de forma enérgica. As músicas que seguem, no entanto, são sempre marcadas pela serenidade inerente ao estilo musical. Um ponto positivo do álbum são os duetos: Cat Power e Glen Hansard fazem delicadas e precisas participações.
Dois dos melhores momentos do álbum são as faixas em que Vedder colabora com outros cantores. Tanto "Sleepless Nights", com Glen Hansard (da dupla The Swell Season), quanto "Tonight You Belong To Me", um dueto com a cantora Cat Power, ambas covers, são lindas, e é quase impossível não ser encantado por elas
Trata-se de um álbum deveras curto - pouco mais de trinta minutos - mas que, por se tratar de apenas voz e um único instrumento, pode cansar a alguns. No entanto, é música pra deixar rolar enquanto se relaxa. Por mim, Vedder pode continuar materializando suas trips em disco inusitados, como esse aqui. Ukulele Songs evidencia o talento de Eddie Vedder, e a paixão com que ele gravou estas canções.
Este disco só pode ter esta classificação. Após a saída de arnaldo Antunes, todo mundo achava que seria o fim criativo dos Titãs.
Eis que a banda retorna com este trabalho sujo, pesado, cheio de energia e composições inspiradas.
Confesso que sou um grande fã da banda e acho que "Titanomaquia" está no mesmo nível de obras como "Cabeça Dinossauro" e "Jesus não tem dentes no país dos banguelas", a veia pop da banda é boa, mas nada se compara ao bom e velho roquenrou dos Titãs. O negócio é muito bom, roquenrou fodástico. E Branco Mello é o Ozzy brasileiro...rs
1. Será que é disso que eu necessito?
2. Nem sempre se pode ser Deus
3. Disneylândia
4. Hereditário
5. Estados alterados da mente
6. Agonizando
7. De olhos fechados
8. Fazer o quê?
9. A verdadeira Mary Poppins
10 Felizes são os peixes
11 Tempo pra gastar
12. Dissertação do papa sobre o crime seguida de orgia
13. Taxidermia
Depois de um tempo de inatividade, espero colocar a casa em ordem. Trago o o Elliott Brood. Banda canadense competente, surgida em 2002. Fizeram um longa turnê por todo Canadá abrindo shows para grandes bandas, incluindo Wilco, Blue Rodeo, The Black Crowes e The Sadies. Essa turma se divide entre o Folk, Country e Rock.
Me desculpem pela ausência nestas últimas semanas. Não estou em estado de vagabundagem. Correria do dia a dia. E estou apaixonado. Sabe aquela pessoa que você espera que apareça?...
Essa semana, posto algo... Até mais.
A cantora britânica, dona de uma voz poderosa, carismática e deliciosa de ouvir, alcançou, há alguns dias, um feito que só os Beatles haviam atingido, em 1964: colocou duas músicas ("Someone Like You" e "Rolling The Deep") e seus dois álbuns nas paradas britânicas, entre os Top Five (Singles e álbuns).
"21" abre com "Rolling The Deep", um soul pop poderoso no qual Adele lamenta um amor perdido: "Poderíamos ter tido tudo", diz a letra. Sim, Adele fala, novamente, sobre o amor de um jeito doloroso e catártico e a canção dá o tom de todo o repertório.
Tanto o amor e suas desilusões inspiram a britânica que Adele chegou a declarar, em entrevistas, que quando está feliz não se sente capaz de compor. Sua interpretação também é carregada de emoção, o que faz dela, talvez possamos dizer, uma mistura de Elza Soares - pela dor que se sente em sua interpretação - e Maysa - pela temática de fossa. Só que sua música é mais pop, mais R&B, mais soul.
"21", cujo título faz referência à idade da cantora, segue com a dançante "Rumour Has It", uma canção que é pura dor-de-cotovelo, cheia de ironia. Chamam a atenção as tristes "Turning Tables", "Take It All" e "Don't You Remember". Já "Set Fire to the Rain" transparece raiva - sem esquecer que possui belíssimos arranjos.
Além da voz de Adele, o repertório coloca em evidência os teclados. Em "Someone Like You" e "Take It All" eles são especialmente encantadores. Mas é difícil citar destaques, já que o álbum tem uma unidade que agrega as faixas dentro de um contexto. Até a versão para "Lovesong", do The Cure, se encaixa perfeitamente no repertório. O disco saiu com algumas faixas bônus nos diferentes países em que foi lançado. Uma dessas faixas é "I Found a Boy", uma canção que indica que talvez Adele não esteja tão só e abandonada.
Quando eu estive em Londres, eu vi o show dos caras e a música "if you run" era lançamento. E essa música me fazia pensar em você. Eu estou com saudades, não consigo ficar longe. Preciso dar um jeito nisso. Te amo loucamente. Não consigo viver sem você. Espero que você leia este breve relato.
Vou falar um pouco da banda. Ah, a música no vídeo é para você.
Imagine uma banda que, com todas as reviravoltas possíveis, tinha motivos mais do que suficientes para esquecer de uma vez por todas essa história de música, cair na frustração e implodir todo o seu projeto inicial. Esse é o The Boxer Rebellion, um quarteto britânico composto pelo australiano Todd Howe (composição e guitarra), o americano Nathan Nicholson (vocal e guitarra), e os ingleses Adam Harrison (baixo) e Piers Hewitt (bateria).
Após o lançamento do primeiro EP auto-intitulado, em 2003, os caras estavam de malas prontas para entrar em turnê com bandas como o The Killers, quando Nathan, o vocalista, descobriu que estava com câncer. Eles, é claro, tiveram que cancelar tudo.Depois de um ano de recuperação, o quarteto pensou que, finalmente, teria seu grande momento ao lançar seu CD de estréia, o “Exits”. Porém, como se toda a agonia e desespero do ano anterior não tivesse sido suficiente, a gravadora com que eles haviam assinado o contrato, simplesmente faliu. Sorte, não?
Depois dessa maré de azar, a banda decidiu lançar seu segundo álbum de estúdio, cujo título, de acordo com eles, dava significado ao que havia os mantido juntos. O álbum “Union” foi então lançado, com um detalhe: somente pelo iTunes. Com a sorte finalmente dando uma chance ao grupo, eles se tornaram a primeira banda independente a entrar na lista das 100 mais da Billboard, em vendas digitais. E no final de 2009, o iTunes declarou “Union” o álbum alternativo do ano.
Em 2011 lançaram seu terceiro álbum “The Cold Still”, mas dessa vez com o produtor Ethan Johns, que já trabalhou com bandas como o “Kings of Leon”. Com uma sonoridade meio Radiohead e meio The Verve, vale a pena conferir essa banda que, em meio a tantas idas e vindas, conseguiu fazer maravilhas.
K, escrevi um textinho para você ler amanhã, ouvindo o The Strokes, a resenha segue abaixo. Te adoro.
Em “Machu Picchu”, a faixa de abertura geográfica de “Angles”, Julian Casablancas & Cia. fazem, cada qual à sua maneira, as vezes de desbravadores. “Eu só tô tentando encontrar uma montanha pra escalar” é a frase que se ouve entre atabaques e um quê de latinidade.
O que faz bastante sentido. Os fanboys podem até discordar, mas a verdade é que os Strokes, na época em que surgiram, não tinham exatamente uma assinatura. Com um som e um guarda-roupa descaradamente emprestados (ou vai dizer que jaquetas de couro e cabelos oleosos eram inéditos àquela altura do campeonato?), os rapazes tinham uma caligrafia muito boa – fruto de lições com os Stooges, o Television, os Sonics, etc. – mas a gramática, as letras e as linguagens não eram, de maneira nenhuma, revolucionárias. Ao contrário do que a maioria do revival pós-punk promovia ou promoveria no início da nova década, os nova-iorquinos não desenvolviam tanto uma sonoridade antiga (Franz Ferdinand, Interpol) quanto a interpretavam perfeitamente. Como todo bom artista genuinamente pop, o sucesso vinha da execução de um modelo, até certo ponto já previsto. Doa a quem doer: o tipo de música que apresentou e fez a imagem da banda é o tipo de música que sempre foi e sempre vai ser feita. O que fazia a maioria das pessoas pirarem não era exatamente uma novidade – ainda que, aos adolescentes e pré adolescentes que foram apresentados ao rock pela radiofonia dos rapazes não soubessem disso – mas a liberação de uma energia adolescente e pura, universal o bastante pra ter feito ele o disco da década (em questão de afeto e significância pessoal) de muita gente.
Mas se os rapazes estouraram mais do que o som deles faria imaginar, não foi sem motivo. A onda em volta do “Is This It” era a de salvação do rock, mas a maior questão, ali, era a de ressurreição. Surgidos num momento em que a moda (e, de certa forma, a unanimidade burra) era dizer que o rock tinha morrido nos anos 1990 – sendo que, pros mais espertos, ele só tinha se afastado um pouco dos holofotes, estando mais escondido que inexistente – e a internet não havia se estabelecido o suficiente pra que todas as boas obscuridades da década tivessem sido propriamente resgatadas, o disco surgiu no momento de grande necessidade de ídolos mainstream, o tipo de som que agradaria a todo mundo, nem que fosse só pelos singles que lançassem. O fato que permanece é que, no próprio nascimento, os rapazes já estavam praticamente no topo: com um lançamento extremamente hypado, timing e marketing acertados o suficiente pra fazerem de si mesmos um fenômeno comercial e o público e a crítica do lado, não sobrava muita coisa a ser conquistada.
A montanha de que Casablancas fala, então, veio com “First Impressions Of Earth”. Pouca gente fala disso, mas esse foi o momento em que o conjunto decidiu sair do salto enorme que era a montanha de idolatria juvenil em que haviam se instalado confortavelmente e resolveram fazer as coisas do zero, até certo ponto. Foi o primeiro disco diferente dos Strokes (“Room On Fire” é a vibe de “Is This It” praticamente xerocada), a primeira vez em que se questionavam como banda genuinamente autoral e tentavam encontrar o próprio estilo. O que acabou não dando muito certo e irritando muita gente, ainda que o disco esteja longe de um desastre.
Daí eles sumiram. E cinco anos de silêncio, declarações ambíguas e projetos paralelos era exatamente do que precisavam. Saindo de cena numa época em que muita da lenda se desfizera, só um hiato foi capaz de restituir, ao menos em tese, ao menos em expectativa, parte do respeito perdido. Quer dizer, anunciaram no ano passado que finalmente ia sair um disco novo dos caras e, de repente, as pessoas estavam pirando de novo com… os Strokes (“Mas eles não tinham meio que acabado?”). E quando “Under Cover Of Darkness” (que já perdeu bastante da qualidade que uma longa espera acabou lhe conferindo, nas primeiras audições) deu um vislumbre calculadamente equivocado do que o disco poderia ser, a pressão ficou maior ainda.
Pronto: estava produzido o hype necessário pra que o novo discos dos antigos “salvadores do rock” (um termo que jamais deve ser utilizado por quem quiser ser levado a sério) fosse, querendo ou não, um dos lançamentos do ano.
Que disco é esse, então? É a continuação de uma linha de raciocínio iniciada em “FIOE”. Os dois discos, em questão de sonoridade, são bastante parecidos: diversidade de estilos, produção interessante e uma abordagem bastante mais complexa que a dos tempos de “Soma” ou “Last Night”. O aprofundamento, aqui, se dá no quão frequente os “velhos Strokes” dão as caras. Enquanto o último disco mostrava certa familiaridade nas canções superproduzidas, “Angles” mostra uma banda praticamente nova. Mesmo quando realizam truques antigos (“Under Cover Of Darkness”), os rapazes estão procurando novos caminhos dentro de um som que não deve ser tão familiar ou natural pra eles. É só ler as entrevistas: a mudança não foi fácil. Com o maior envolvimento dos integrantes na composição das músicas e uma produção feita pela própria banda, o trabalho é fruto de dores maduras.
É até engraçado falar da produção excelente que salva boa parte do disco e levanta as canções mais fortes. Em “Angles”, o quinteto se torna um produto deles mesmos, em todos os sentidos. É deles, até certo ponto, a tentativa de achar um caminho, são deles os acertos, são deles os erros. E é deles a responsabilidade de ter feito a música de “Angles” mais um objeto de consumo que uma fonte de catarse pura. Pode até ser que o disco, mais uma vez, não apresente novidade, mas, à maneira da estreia dividida em duas (“Is This It” e “Room on Fire”) e numa escala qualitativa consideravelmente melhor, ouvir “Angles” é uma experiência recompensante.
Grande parte desse prazer vem da produção. Quem quiser encontrar boas canções, no sentido mais idealista da palavra, pode ter alguns problemas. A maioria das faixas, inclusive, não funcionaria no modus operandi simplista que deu fama aos rapazes. Mas com uma produção que esconde um elemento interessante a cada virada da música, o ouvinte fica atento e acaba se divertindo com os atabaques de “Machu Picchu”, a vibe FM oitentista e o refrão ocupadíssimo de “Two Kinds of Happiness” ou os grooves tensos de “Taken For A Fool”. Nesse sentido, estamos falando de um disco pop: a maioria das faixas foram feitas a fim de obter o máximo de efeito. A lógica, aqui, é chegar, fazer uma boa impressão, entreter o ouvinte por três ou quatro minutos, guardar uma surpresa, uma boa ponte ou um refrão memorável e deixar uma lembrança, nos melhores momentos. “Life Is Simple In The Moonlight”, a maior música do disco, tem chance entre as melhores do ano, trabalhando com uma melancolia já conhecida, agora prateada pela luz da lua (“so we talk about ourselves and how/to forget the love we never felt/oh we owed jokes that work so well/ you never were so sure, was the moment”).Nos menos inspirados, a diversão continua, mas a memória das faixas fica um pouco escorregadia. É só pensar na tensão à Muse (não é uma coisa boa) de “Metabolism”, na dinâmica sombria em piloto automático e “You’re So Right” e o glo-fi de “Games” – ouvi-las não é uma experiência dolorosa, mas extrapola a própria duração das faixas.
Se há um ganho na busca sempre bem produzida (mas nem sempre boa) dos garotos por um som mais próprio, a perda é justamente o senso de heroísmo e a contradição do tédio e do frenesi jovem que vestiam na manga. É por isso que se fala em produtos: são objetos feitos sob medida, quase clínicos. Não chegam a ser frios, mas pecam um pouco no calor que emanam. “Gratisfaction”, com uma levada despreocupadamente glam, é um dos poucos momentos em que se vê essa vibração, que ainda assim não passa da filtração de influências antigas pela ótica de uma juventude que não pertence tanto a eles (conferir: Smith Westerns e Free Energy).
A moral da história, no final, é que todo mundo cresceu, nesse meio tempo. Não dá mais pra contá-los como uma febre adolescente, a banda que arrebatou quase todo mundo dos 12 aos 20 e poucos (e muita gente além dessa faixa etária) e que gostasse de rock ou esbarrasse com os veículos que tanto falavam deles. Não dá, tampouco, pra agir como aquele pirralho que pirava quando “Last Nite” tocava no Disk MTV e que, com um pouco de sorte, um bocado de dinheiro e uma localização privilegiada, conseguiu ver os caras ao vivo, no Brasil. “Angles”, de certa forma, é uma desilusão: esses são os Strokes do presente, menos preocupados em fazer reverências ou se construir com muita coisa do passado. O horizonte agora é o futuro, e isso deixa qualquer um de perna bamba.
Fiquei um tempo sem postar nada... Eu estou apaixonado, sabem como é... você não pensa em mais nada, enfim.... Vamos falar da banda.
Uma banda que não toca ao vivo e nem concede entrevistas, não pode ser considerada normal. E essa palavra definitivamente não tem a ver como o Belle & Sebastian, estudantes que quase sem querer, tornaram-se um dos maiores nomes do ‘underground’.
Proveniente da Escócia, o grupo começou a tocar em meados dos anos 90 quando Stuart Murdoch e Stuart David, após algumas indicações e testes fecharam o ‘line up’ com Isobel Campbell, Chris Geddes, Stuart Jackson e Richard Colburn.
Estrearam com “Tigermilk”, que teve tiragem inicial de mil cópias, todas em vinil. Um desses discos caiu nas mãos de um crítico local, que teceu ótimos comentários sobre eles. A procura pelo Belle & Sebastian crescia a cada dia, mas ninguém sabia quem eram e nem como eram as pessoas responsáveis por aquele som.
Mesmo com a proposta de grande gravadoras, sentem a liberdade artística ameaçada e assinam com a independente Jeepster.
O Belle & Sebastian começa a ficar internacionalmente conhecido a partir “If You´re Feeling Sinister”, em 1997, e“The Boy With The Arab Strap”, em 1998. Só depois disso os integrantes começam a dar as caras, matando a curiosidade de muitos e decepcionando outros, que gostavam da banda justamente pelo mistério.
Ficam ainda mais comercias com o quarto trabalho, “Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant” e, logo a seguir, Stuart David é substituído por Bob Kildea. A gravadora brasileira Trama lança os quatro discos da banda e os EPs. Já se apresentando em diversos países e aceitando a fama que lhes foi dada, passam pelo Brasil para tocar no Free Jazz Festival, em 2001.
“Storytelling”, trilha sonora usada em um filme homônimo, saiu em 2002. Ao longo dos anos, o Belle & Sebastian provou que, apesar de mundialmente conhecido, ainda é fiel às suas raízes e não se deixou iludir pelo sucesso. Em 2004 os suecos lançaram o DVD “Fans Only”, que retrata a fase vivida na Jeepster com videoclipes e muitas cenas ao vivo.
No final do mês os fãs do grupo podem conferir a coletânea “Push Barman To Open Old Wounds", que irá reunir grandes sucessos da banda de 1997 a 2001, incluindo “This is Just a Modern Rock Song”, “Dog on Wheels” e “A Century of Fakers”.
O próximo trabalho da carreira da banda veio com o disco “The Life Pursuit”, lançado em 2005. O álbum, gravado em Los Angeles, contou com a produção de Tony Hoffer e teve a música “Funny Little Frog”, como primeiro single.
No mesmo ano o Belle & Sebastian colocou nas lojas uma versão ao vivo do álbum “If You’re Feeling Sinister”, de 1996. O material foi gravado durante um show da banda no festival All Tomorrow’s Party, no mês de setembro. Toda a renda obtida com as vendagens do disco, que estará a venda na loja virtual iTunes, deve ser revertida às vitimas do furacão Katrina.
Inglaterra, 1989. A música pop da ilha estava passando por um período de transformação. Bem menos acentuado que o punk, por não ter tentáculos em outras esferas além da musical, mas sabia-se que ao menos o gosto musical dos habitantes da Inglaterra não seria mais o mesmo. Os Smiths tinham acabado, o Echo & the Bunnymen perdeu Ian McCulloch pra carreira-solo e Pete DeFreitas para a eternidade, o New Order fazia intervalos cada vez mais longos entre um disco e outro, e a estrela negra do indie-dance subia. Ian Brown e seu Stone Roses levavam os amantes da boa música à loucura; era a década de 90 começando antes, como um jornalista definiu.
Muitas bandas que conquistariam grandes êxitos nos anos 90 começaram nessa época. Ride (formado em 87), Blur (de 89), Charlatans (88). Todas seguindo a cartilha dos Stone Roses. Mas uma delas, além de beber na fonte dos macaquinhos de Manchester, carregava suas letras e instrumental de androginia, cinismo, sarcasmo e ambigüidade, com traços do glitter rock de David Bowie e das letras mais cáusticas do mestre Morrissey. Também tinha um nome curto: Suede.
O Suede surgiu da inquietação de dois moleques que, apesar de não terem lá uma grande amizade, viram que poderiam criar pequenas obras-primas juntos: Brett Anderson e Bernard Butler. Anderson escrevia letras com interpretações dúbias, e Butler tinha um estilo de tocar guitarra rasgante, com ecos de John Squire e Tom Verlaine. Pegaram o nome Suede de um single de Morrissey, "Suedehead", e decidiram por apenas "suede" porque a palavra "suede" (camurça) era uma gíria londrina para "ambíguo". Nada mais perfeito.
Era hora de procurar outros membros pra banda, e não demorou para acharem alguém pra assumir a vaga do contrabaixo: Justine Frischmann, amiga de Brett, juntou-se à banda tocando o instrumento, mas logo depois encontraram Mat Osman. Justine então foi deslocada para a segunda guitarra. Pra bateria, chamaram Mike Joyce, o baterista dos lendários Smiths, recém-demitido da banda de apoio de Morrissey.
Com essa formação gravaram uma canção para uma coletânea em cassete com várias bandas pequenas de Londres, Wonderful sometimes. Os fãs de Suede hoje disputam essa fita a tapa no mercado de raridades britânico. Em seguinda, Justine deixou a banda e começou a namorar Damon Albarn, vocalista do Seymour, que depois viraria Blur. É dessa época a rixa entre Damon e Brett, que sentia uma certa queda pela garota. O Suede então decidiu que apenas Butler seria responsável pelas guitarras, e gravou um single de 12 polegadas com as músicas Art, Be my god e novamente Wonderful sometimes, mas o single nunca saiu. Algumas cópias chegaram a ser prensadas, e hoje valem uma grana violenta. Mike Joyce então saiu da banda, sendo substituído pelo baterista que permanece até hoje, Simon Gilbert.
Mesmo com o single abortado, a banda atraiu a atenção de Morrissey, que incluiu em vários de seus shows na turnê do disco "Kill uncle", entre 91 e 92, a canção My insatiable one, de autoria de Anderson e Butler. Com uma projeção maior, o Suede assinou contrato com o pequeno selo Nude, e um contrato de distribuição com a Sony Music.
Em 1992, finalmente saía o primeiro single: The drowners, onde My insatiable one aparece no lado B. Um sucesso razoável, e mais um single saiu no ano: Metal mickey, com guitarras rasgantes e as já tradicionais letras andróginas de Anderson. Em abril de 93 saía o primeiro disco, Suede. Com 11 faixas, o disco foi o trabalho de estréia mais vendido de todos os tempos até 1999, quando o primeiro trabalho do Muse tomou seu posto. Rendeu ainda mais dois singles:
Animal nitrate e So young, que atingiria a oitava posição nas paradas inglesas, assim sendo o primeiro top 10 do Suede.
Só que nem tudo era flores para o Suede. Pra começar, a poucos dias do lançamento norte-americano do primeiro disco, uma cantora americana que usava esse nome conseguiu uma liminar proibindo a banda de utilizar o nome Suede em território americano. A solução foi virar The London Suede para os ianques. Por isso, todos os lançamentos de discos nos EUA trazem o nome The London Suede. E, pra piorar, a relação entre Brett Anderson e Bernard Butler estava cada vez mais difícil, com um se queixando do outro querer roubar a cena. E ficava difícil esconder isso. Em julho de 1994, a banda entrou em estúdio para gravar seu segundo LP. Depois de um mês de gravações, Butler pediu as contas e se desligou da banda.
Como Butler não havia gravado as guitarras para todas as músicas, algo deveria ser feito quanto a isso. A banda optou por arranjos mais sofisticados, algumas das faixas foram orquestradas e Brett arriscou uma guitarrinha (embora todos os créditos de guitarras do disco tenham ido para Butler, é Brett quem toca em The power). Mas Butler saiu deixando gravadas guitarras lindas, como as de Heroine, New generation e especialmente a de We are the pigs.
Dog man star foi lançado em outubro e, mesmo não repetindo o desempenho de vendas do primeiro álbum no Reino Unido, vendeu bastante e teve boa recepção da crítica, que cansou de tratá-lo como "épico". Mas o Suede não poderia seguir como um trio. Assim começaram os testes para recrutar um novo guitarrista. Centenas de candidatos apareceram e todos não satisfaziam Anderson, Gilbert e Osman, até que um garoto de 17 anos surgisse no estúdio e os encantasse com seu jeito de tocar.
Richard Oakes sabia todas as músicas da banda e era quase dez anos mais novo que os três membros restantes. Foi admitido na hora, e lá foram os quatro para a turnê de Dog man star, que foi registrada no vídeo Introducing the band. Ironicamente, as primeiras composições da banda com Oakes foram os lados b do single de New generation.
Uma grande expectativa cercava as gravações do terceiro disco do Suede, em 1996. Como seriam as músicas com Oakes? Perderiam para os riffs rasgantes de Butler? A verdade é que Oakes tinha um estilo diferente, com mais uso de distorção e efeitos, e muitos fãs antigos ficaram ainda mais desconfiados quando a banda anunciou que gravaria o disco todo com o tecladista convidado Neil Codling. No final das sessões de gravação, Codling foi efetivado na banda, que virava um quinteto, e então surgiu Coming Up, a obra-prima injustiçada do Suede.
Nas dez faixas do álbum, o Suede faz um grande disco pop, elegante como só a banda poderia fazer (e talvez o Pulp), e sem trazer nenhuma ligação entre as músicas. Trash trazia mais daquele frescor juvenil hedonista, By the sea tinha uma letra menos egocêntrica, além da batalha entre o conjunto piano/baixo/bateria e a guitarra. Beautiful ones é dançante até a medula, e assim o disco se mantinha perfeito até o final com Saturday night (não sem antes passar por Picnic by the motorway, grande canção).
Foi o disco de maior vendagem nos EUA, mas boa parte dos fãs puritanos torceu o nariz para "Coming Up". Diziam que a banda havia acabado com a saída de Bernard Butler. Alheios aos comentários, os cinco rapazes do Suede encararam uma grande turnê que se estendeu até outubro de 97, quando ainda lançaram uma compilação dupla com 27 lados B de seus singles, intitulada Sci-fi lullabies. A capa desse álbum é, na modesta opinião do signatário dessa matéria, a capa mais linda de um disco em todos os tempos. O conteúdo não deixa a desejar também: desde o primeiro lado b, My insatiable one, até coisas recém-saídas à época, e as lindas My dark star, These are sad songs, Duchess, The big time e Europe is our playground.
Durante todo o ano de 1998 o Suede gravou apenas uma música: Poor little rich girl, de Nöel Coward, para um disco-tributo ao autor, chamado Twentieth century blues. Em toda a carreira, foram poucas as covers registradas oficialmente pela banda: para uma coletânea intitulada Help!, gravaram Shipbuilding, de Elvis Costello; e para o single de Lazy, foi escolhida uma gravação ao vivo de Rent, dos Pet Shop Boys, com Neil Tennant participando da música.
Mas os fãs queriam material inédito. Brett Anderson disse, em 1996, que em um ano o sucessor de Coming Up ganharia as ruas. Mas só em fevereiro de 1999 foi que Head Music viu a luz do sol. Os fãs de começo de carreira da banda que restaram depois de "Coming Up" foram quase todos embora com este disco, que teve suas letras criticadas como "simples demais", além de terem sido percebidos sinais de cansaço e estranheza na parte musical. Mas é um grande disco, com faixas subestimadíssimas como Everything will flow, Indian strings e Asbestos. Ruim de verdade, só a faixa-título.
E agora, ainda em 2001, a banda promete um novo disco. Mas há uma notícia importante: no dia 23 de março, o tecladista Neil Codling anunciou sua saída da banda, alegando motivos de stress, a mesma razão pela qual se ausentou de alguns shows da turnê de "Head music" e do show solitário que a banda fez em outubro de 2000, pelo festival Iceland airwaves, na Islândia, onde tocaram nove músicas inéditas. Alex Lee, que tocou com a banda nas ocasiões em que Neil não esteve presente, foi anunciado como seu substituto.
Nesse momento, a banda está em estúdio com o produtor Tony Hoffer, que trabalhou em "Mutations" e "Midnite Vultures", de Beck, e deve finalizar o disco até abril. Uma das novas canções, com o título Simon, fará parte da trilha sonora do filme Far from China, a ser lançado no festival de Cannes, e provavelmente não estará no novo disco.
Uma ótima estréia. Coloque o disco desde o começo e sinta bem as cinco primeiras músicas: a luxúria de So young, a citação ao lança-perfume de Animal nitrate, o lamento córneo de She's not dead, a power ballad Moving e o grande momento do disco, a belíssima Pantomime horse. Afora isso, a correta The drowners e duas grandes outras canções: Sleeping pills é uma balada onde as guitarras cortantes de Bernard Butler fazem cama para Brett Anderson pedir pra seu anjo que não tome "essas pílulas do sono", e Metal mickey, que, ao lado da supra-citada Animal nitrate, já me fez tocar muita guitarra aérea no meu quarto. De zero a dez, nota nove.
O canto do cisne de Butler é um disco um pouco irregular, mas dos bons. A bateria tribal de Introducing the band rola a bola para a fantástica We are the pigs, com dois shows: o mestrado vocal de Anderson e o doutorado guitarrístico de Butler. The wild ones, o hit do disco, chegou até a estar no Top 10 da MTV brasileira em janeiro de 95, com um lindo clipe e versos como "'cause on you my tattoo will be bleeding, and the name will stain". Juntam-se a elas as belas Daddy's speeding, The power e a chorosa The 2 of us, além da orquestração apocalíptica de Still life. O ponto baixo fica por conta da horrível This hollywood life. De zero a dez, toma oito.
Richard Oakes chega chutando o pau da barraca. Trash é possivelmente a melhor música da banda, que ainda ataca com o convite ao ócio e à luxúria em Lazy, tem a balada neurótica de By the sea, o hit Beautiful ones, a subestimada Starcrazy e os versos de Picnic by the motorway: "I'm so sorry to hear about your way / Don't you worry, there's been a speeding disaster so we'll go to the motorway / I'm so sorry to hear about the scene / Don't you worry, just put on your trainers and get out of it with me, oh / Hey, such a lovely day...". Grande disco, mas que foi subestimado demais e está a espera de gente sensata. De zero a dez, toma onze. Ok, fica só com dez.
Como toda coletânea de b-sides, irregular. E ainda é dupla. Mas tem My insatiable one, W.S.D. e Europe is our playground, que deveria ter entrado em "Coming Up", pra que o disco ficasse ainda mais perfeito. A capa desse cd é maravilhosa, você devia passar cinco minutos da sua vida olhando pra ela. É bem verdade que o que realmente importa é a música, mas a capa é um outro atrativo. Se você não tem sensibilidade suficiente para apreciar aquela capa, vá ler o lo-fi zine. Ou ouvir guns and roses. De zero a dez, ia tomar sete, mas por causa da capa, oito e pronto.
Estranho, bem estranho esse disco. Mas não dá pra falar mal, tem grandes músicas. Down e She's in fashion, duas puramente inspiradas nas aventuras glitter de David Bowie, não me deixam mentir. E ainda tem a linda balada Everything will flow, com cordas orientais (que também aparecem em Indian strings, a outra grande balada do álbum). O primeiro single, Electricity, também vale uma ouvida, bem como a tristíssima He's gone e Elephant man, escrita inteiramente pelo tecladista Neil Codling e motivo de risos pros fãs antigos, que injustamente chamam este disco de "Bad music". De zero a dez, a mesma nota que a Bizz deu: nove, sem exageros.
Formada por quatro rapazes escoceses e liderada por Alex Kapanos (voz e guitarra), o Franz Ferdinand vem fazendo sucesso desde 2004 quando lançou seu primeiro álbum: uma lufada de ar fresco na mesmice dos últimos tempos! De lá para cá, You Could Have It So Much Better [2005] confirmou que a criatividade e inovação são a maior característica da banda, cuja grande influência está nos The Smiths e no som new wave, meio punk da década de 80.
Em entrevista recente, o vocalista afirmou que "um dos objetivos é jamais se repetir" e isso realmente será difícil se os rapazes continuarem buscando sonoridades diferentes e resolverem utilizar novamente, por exemplo, ossos humanos como instrumentos de percussão.
Tudo gira em torno de muitos riffs de guitarra, baixo pulsante e bateria pesada em Tonight, seu terceiro disco, lançado em 2009, apenas uma leve mudança na maneira de conduzir as melodias, com relação aos álbuns anteriores. Letras inteligentes sobre relacionamentos, alguns metal funks psicodélicos (Turn It On e No You Girls), outros dances eletrônicos bem abusados (Ulysses) e guitarras distorcidas para todo lado em Can't Stop Feeling e What She Came For.
Mas o Franz Ferdinand nunca deixa de ser rock, apesar de muitas vezes soar como um grupo eletrônico: Lucid Dreams desconcerta com seus últimos quatro minutos de batida electro cheia de curvas e variações. Mas é nas duas últimas gravações do álbum, que saem as guitarras e sintetizadores, que o grupo mostra o seu lado romantic ballad. Dream Again lembra um pouco as lentinhas dos Beatles e Katherine Kiss Me, com seu violão e piano, é, ao mesmo tempo, delicada e sedutora.
Francisco Ferdinando foi um arqueduque austro-húngaro, cujo assassinato deu início à Primeira Guerra Mundial, apesar disso, não há nada de macabro nas músicas do Franz Ferdinand, mas sutileza também não é o forte da banda.
Olha ela de novo aqui. Considerado o melhor disco de sua carreia até hoje, o sétimo álbum de Cat Power ou Charlyn Marshall (seu verdadeiro nome) é claramente influenciado pelo jazz, blues e folk. Estilos que deve ter passado a infância inteira escutando através do pai pianista. Piano, que é também um dos instrumentos que toca, além do violão.
Esta é a Chan Marshall, no palco ela é Cat Power. Minha voz arranhada preferida.
E a descrição que a gravadora dela, a Matador Records escreveu é perfeita:
“Chan Marshall faz o tempo parar. Senta-se ao piano ou coloca a guitarra em seu colo e não importa se é um clube cheio de bêbados ou uma cafeteria cheia de pessoas usando laptops, Chan Marshall atrai toda a atenção para si e faz o mundo parar de girar. Como Cat Power, a música de Marshall parece se erguer do nada, envolve o lugar e desaparecer – as pessoas que a ouviram sabem que foram atingidas por algo, só não têm certeza pelo quê. “
Cat Power nos primeiros álbuns me lembrava tanto PJ Harvey, mas desde You Are Free (álbum de 2003) ela me lembra Cowboy Junkies - with an edge. A música amadureceu no indie-rock milieu e depois de gravar The Greatest, Chan superou suas tragédias pessoais como o alcoolismo e agora é (supostamente) o novo rosto de uma coleção de jóias da CHANEL – sim, porque Louis Vuitton não me interessa, mas reverencio CHANEL.
O oitavo álbum de estúdio da banda inglesa é o contraponto de seu antecessor: se o In Rainbows foi o retorno às guitarras, King of Limbs é o abandono parcial delas. A guitarra de O'Brien ainda tem presença marcante em vários momentos do disco, como em Morning, Mr. Magpie, Little By Little e na semi-acústica Give Up The Ghost, mas não tanto quanto antes. Não que isto seja um ponto negativo -- o Radiohead se sai muito bem sem guitarras, o que já foi comprovado em Kid A (2000) e Amnesiac (2001). Mas quatro anos parece muito tempo para apenas oito canções minimalistas com duração total de 37 minutos, e sem nenhuma faixa, digamos, fora do comum.
No geral, The King of Limbs é um registro orgânico e introspectivo que alcança a profundidade através das letras provocantes e da voz aguda de Yorke, das batidas cativantes, das linhas marcantes de baixo e dos loops de teclado. Com uso mais forte de sintetizadores, a sonoridade do álbum se aproxima bastante do indie electronic depressivo de Kid A e do synth-pop experimental de The Eraser, o ótimo trabalho solo de Thom Yorke -- que, aliás, é o verdadeiro "King of Limbs" da história (saca o porquê no vídeo abaixo). Mas faltam-lhe canções intensas como The National Anthem, Go To Sleep, There There, Reckoner -- e prefiro não citar alguma faixa do OK Computer para não desmoralizar completamente o disco.
Ainda assim, vale destacar o ótimo trabalho de Colin Greenwood no contrabaixo, especialmente em Morning Mr. Magpie, Little By Little e Separator, as idéias criativas de Phil Selway para a percussão (e aqui cabe mais uma mensão à Little By Little, além da "instrumental" Feral), e os lindos falsetes de Yorke em Lotus Flower. Fora isso, é só mais um bom disco do Radiohead.
O rock inofensivo com inclinação country da Band of Horses está de volta em Infinite Arms, último disco do quinteto norte-americano. As músicas soam familiares devido à discrição das mudanças na sonoridade do grupo, mas é perceptível como o foco está mais suave. Performances musicais vigorosas cederam lugar a canções lentas. Trata-se de um álbum perfeitamente uniforme e coeso, mas sem brilho e sem força.
O primeiro trabalho da banda foi o forte Everything All The Time (2006). A estréia revelou equilíbrio entre melancolia e esperança. Cease To Begin (2007), o segundo álbum, também recebeu críticas positivas, e foi marcado pela mudança da banda de Seattle para a Carolina do Sul, terra natal do vocalista Ben Bridwell.
O novo cenário estava sutilmente aparente. O grupo parecia confortável e já demonstrava estar mais interessado em desfrutar da paisagem do que em fazer suas músicas atingirem o topo majestosamente como antes.
Em Infinite Arms, o country alternativo da Band of Horses expandiu suas bases nessa estrutura musical sulista. A atmosfera doce e íntima resultante flui com tranqüilidade, embalando as reflexões e confissões das letras. As músicas estão impregnadas pelo estilo de vida simples e despretensioso.
Além disso, o álbum também carrega o peso da recém paternidade do vocalista e a saída da gravadora Sub Pop (agora a banda está na Columbia). O trabalho demonstra segurança sobre sua identidade e tudo parece reforçado. Mesmo com essas mudanças, o disco se mantém fiel à proposta musical do grupo, com alguns momentos que se acomodariam bem nos discos anteriores.
A abertura, "Factory", resume bem o sentimento do álbum. "Compliments" é alegre e mansa. A terceira faixa, "Laredo", é um rock com som bem americano, assim como "Bluebeard" e "Older", que vagueiam numa atmosfera perto de Chicago. Bridwell parece evocar o despertar da paternidade em "On My Way Back Home" quando canta "Eu estou salvo agora que eu sei o que devo fazer".
A faixa-título é íntima e a parte central do álbum. Nela, a banda exibe sua capacidade de transpor a vida através da música com ternura. "Dilly" tem refrão pegajoso, enquanto "Evening Kitchen" parece fruto de meditações durante a madrugada. A faixa 10, "For Anabelle", é outro country destemido. O disco é encerrado pela áspera "NW Apt." e por "Neighbour", que fala da necessidade de compaixão entre os semelhantes.
Infinite Arms é bem-sucedido no que se propõe fazer: rock n' roll à moda antiga, nascido com coração americano. É agradável e tranqüilo. Mas o disco revela certa falta de ambição, na medida em que comprova que eles nunca estarão entre os grandes. Falta inovação e um pouco da vitalidade de seu debut.
Quando o primeiro disco solo de Brandon Flowers estreiou e logo estava nos primeiros lugares nas paradas. Isso não foi surpresa para ninguém que acompanhou a divulgação maciça que o vocalista vinha fazendo de “Flamingo”, antes mesmo dele estar pronto. Apesar de ser interessante mais por ser a primeira incursão de um Killer pela solitária carreira sem o grupo do que por sua música em si, certo mesmo é que este trabalho começou a ser criado já com a certeza de sucesso, mesmo que para isso muitos fãs da era Sam’s town tenham que sair frustrados com isso.
Flowers é um paradoxo ambulante. Chama a atenção pela estranheza que as palavras mórmom e rockstar causam quando colocadas juntas associadas a sua figura. Ao mesmo tempo, em certos momentos aparenta ser apenas um bom pai de família que alcançou o estrelato meio sem querer e por isso parece fora de seu habitat natural. Ele também começou a trabalhar em “Flamingo” com a desculpa de ser viciado em trabalho; já que seus companheiros de banda queriam descansar após turnês e discos quase consecutivos, ele tinha a necessidade de continuar na labuta, mas o que aconteceria por uma mera aversão ao ócio parece ser mais baseado na necessidade de estar embaixo dos holofotes.
Musicalmente falando, “Flamingo” não é um disco ruim. Na verdade, é repleto de hits em potencial. Já de saída “Welcome to Las Vegas” é uma ode à Sin City que tenta romantizar a cidade e colocá-la no imaginário de uma nova geração da mesma forma que um dia Bruce Springsteen fez com Nova Jersey. Pensando na forma como esse cd foi trabalhado junto com o produtor Stuart Price, a lembrança Springsteeana que ecoa na primeira faixa não parece mera coincidência. The Boss sempre foi um dos maiores ídolos de Flowers e a vontade de seguir os passos de ídolos como ele e Morrissey é algo que o discípulo nunca fez muita questão de esconder.
“Crossfire”, primeiro single com direito a clipe hollywoodiano com Charlize Theron, deixa um pouco a desejar. Demora para se tornar minimamente memorável uma vez que soa como os piores momentos do esquecível Day and Age. Já o dueto com Jenny Lewis em “Hard Enough” funciona, simplesmente. Os melhores pontos de “Flamingo” são justamente aqueles em que Brandon não se leva tão a sério, como se entrasse no cassino pronto para perder tudo e sair feliz da vida, como nas faixas “Jilted lovers and broken hearts” e na adorável “Was it something I Said?”, que comprovam que Flowers costuma ser o melhor dessa nova geração quando chega a hora de beber na fonte dos pop anos 80.
No fim de sua primeira tentativa solo, Brandon acaba se saindo melhor do que o esperado. Para quem ficou frustrado com “Flamingo”, resta torcer que o vocalista tenha exorcizado seus desejos narcisistas e esteja pronto para seguir pelo rumo certo junto com o The Killers.
A carreira do White Lies está seguindo exatamente o caminho planejado, e acredite, esse caminho foi planejado com muito empenho. Nomes, letras, capas, tudo faz parte de uma identidade construída com método. Se, após a morte de Ian Curtis, o restante do Joy Division formou o New Order com os fundamentos do Synth-pop, o White Lies, como banda discípula, também abraçou os sintetizadores, em Ritual, seu segundo álbum.
A primeira metade do álbum contém todas as canções memoráveis, indicando que o trabalho poderia ser um mero EP inflado. As duas melhores faixas são as que ostentam os melhores refrões, Bigger Than Us e Strangers, emotivas, sinais de vida em uma banda que faz questão de parecer morta. As oitentistas Is Love? e Peace & Quiet miram no Depeche Mode mas vão do Alphaville ao Duran Duran.
A segunda metade é esquecível, exceto pela interessante Come Down. The Power and The Glory simboliza tudo o que há de errado em Ritual, indo do sinistro ao dançante de maneira fria e planejada. Talvez esse Ritual do título foi o que fez o White Lies perder a alma. Ou ela nunca esteve presente.
Novembro de 2000, Nova Iorque. Pat Noecker (baixista) e Ron Albertson (baterista), naturais do Nebraska põem um anúncio à procura de dois músicos. Angus Andrew (vocalista, natural da Austrália), e Aaron Hemphill (guitarrista, de Los Angeles) respondem ao apelo e os Liars tomaram forma. Juntaram dinheiro, fizeram as malas, e partiram em busca do sucesso pelos Estados Unidos, actuando sempre e onde podiam.
A oportunidade para assinar um contrato com a editora Gern Blandsten surgiu no derradeiro concerto do grupo antes do regresso a casa. Sem grandes hesitações, e condicionados apenas a dois dias de utilização de estúdio, os Liars gravaram “They Threw Us All In a Trench and Stuck a Monument on Top” ainda em 2001.
Meses depois, a banda abandona a Blandsten e transita para o catálogo da editora Mute que decide relançar o albúm em Agosto de 2002. No ano do seu lançamento, o albúm foi recebido pela crítica como um dos mais excitantes lançamentos discográficos do ano.
Em Outubro de 2002 os Liars lançaram um novo registo, o EP “Fins to Makes Us Look More Fish Like”, em jeito de antecipação a um novo longa duração.
O som dos Liars é dificil de rotular. Têm como base o punk rock, mas a utilização de teclados electrónicos, sintetizadores e uma voz distorcida, criam um som surpreendente que pode ser facilmente relacionado com as bandas do Reino Unido do fim dos anos 70, início dos anos 80. A Certain Ratio, Gang of Four ou The Slits são referências incontornáveis
Essa banda já estava nos meus planos há tempos para fazer um post, mas ainda não tinha feito porque queria caprichar. Considero o melhor lançamento do ano, até agora, claro.
O Two Door Cinema Clube vem da Irlanda do Norte, mesma terra do The Undertones, do Ash, do The Divine Comedy e do Snow Patrol (apesar de esta última banda de ter sido formada na Escócia). Seus membros decidiram não fazer faculdade e entrar de cabeça no mundo da música. Um fato curioso: nenhum deles é baterista, o que os levou a experimentar batidas eletrônicas no Mac de um deles. Essa mescla, na medida certa, de sonoridades eletrônicas com a já consagrada levada indie chamou a atenção do selo francês Kitsuné, que assinou com os caras quando ainda possuíam apenas umas 5 canções. A primeira música lançada foi “Something Good Can Work”, que rodou as casas norturna da Inglaterra e caiu nas graças de vários DJs conhecidos da região, como Steve Lamacq.
Desde então lançaram os singles “Undercover Martyn” e I Can Talk”, tão boas que disponibilizarei ambas aqui para vocês. As duas fazem parte do disco de estréia “Tourist History”, cujas faixas nunca me cansarei de recomendar. Na minha opinião, é a nova banda que ouvirei todo mundo cantando de cor quando botá-la para tocar nas baladas, como aconteceu com o Phoenix, ano passado.