domingo, 30 de janeiro de 2011

Brandon Flowers - Flamingo (2010)

Quando o primeiro disco solo de Brandon Flowers estreiou e logo estava nos primeiros lugares nas paradas. Isso não foi surpresa para ninguém que acompanhou a divulgação maciça que o vocalista vinha fazendo de “Flamingo”, antes mesmo dele estar pronto. Apesar de ser interessante mais por ser a primeira incursão de um Killer pela solitária carreira sem o grupo do que por sua música em si, certo mesmo é que este trabalho começou a ser criado já com a certeza de sucesso, mesmo que para isso muitos fãs da era Sam’s town tenham que sair frustrados com isso.
Flowers é um paradoxo ambulante. Chama a atenção pela estranheza que as palavras mórmom e rockstar causam quando colocadas juntas associadas a sua figura. Ao mesmo tempo, em certos momentos aparenta ser apenas um bom pai de família que alcançou o estrelato meio sem querer e por isso parece fora de seu habitat natural. Ele também começou a trabalhar em “Flamingo” com a desculpa de ser viciado em trabalho; já que seus companheiros de banda queriam descansar após turnês e discos quase consecutivos, ele tinha a necessidade de continuar na labuta, mas o que aconteceria por uma mera aversão ao ócio parece ser mais baseado na necessidade de estar embaixo dos holofotes.
Musicalmente falando, “Flamingo” não é um disco ruim. Na verdade, é repleto de hits em potencial. Já de saída “Welcome to Las Vegas” é uma ode à Sin City que tenta romantizar a cidade e colocá-la no imaginário de uma nova geração da mesma forma que um dia Bruce Springsteen fez com Nova Jersey. Pensando na forma como esse cd foi trabalhado junto com o produtor Stuart Price, a lembrança Springsteeana que ecoa na primeira faixa não parece mera coincidência. The Boss sempre foi um dos maiores ídolos de Flowers e a vontade de seguir os passos de ídolos como ele e Morrissey é algo que o discípulo nunca fez muita questão de esconder.
“Crossfire”, primeiro single com direito a clipe hollywoodiano com Charlize Theron, deixa um pouco a desejar. Demora para se tornar minimamente memorável uma vez que soa como os piores momentos do esquecível Day and Age. Já o dueto com Jenny Lewis em “Hard Enough” funciona, simplesmente. Os melhores pontos de “Flamingo” são justamente aqueles em que Brandon não se leva tão a sério, como se entrasse no cassino pronto para perder tudo e sair feliz da vida, como nas faixas “Jilted lovers and broken hearts” e na adorável “Was it something I Said?”, que comprovam que Flowers costuma ser o melhor dessa nova geração quando chega a hora de beber na fonte dos pop anos 80.
No fim de sua primeira tentativa solo, Brandon acaba se saindo melhor do que o esperado. Para quem ficou frustrado com “Flamingo”, resta torcer que o vocalista tenha exorcizado seus desejos narcisistas e esteja pronto para seguir pelo rumo certo junto com o The Killers.




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