domingo, 23 de janeiro de 2011

Get Well Soon - Vexations (2010)

Caso eu fosse preguiçoso e não gostasse de escrever sobre música, eu diria concisamente e rapidamente aqui: Get Well Soon é o Ramona Falls de 2010. As similaridades de tal fato viriam nas constatações que são bandas de um homem só e bastante ecléticas em suas sonoridades. O Ramona Falls era Brett Knopf, no GWS é o alemão Konstantin Gropper. Outra constatação: são projetos sem muito apoio da mídia (mesmo em tempos com tantos blogs pela internet), poucos textos a respeito e que tendem a se transformar em discos do ano – mesmo com um desconhecimento covarde.
Gropper não é marinheiro de primeira viagem. Já fez trilha sonora para filmes de Win Wenders, e isso já é uma bagagem de respeito e tanto. É ou não é? Também não é apenas isso. Quem, em tempos de tanta banda aparecendo a cada segundo, numa época onde discos curtos tornam-se fundamentais, ainda consegue fazer um disco de 14 músicas (e praticamente 60 minutos) ser instigante e valer até o último acorde? A resposta está aqui, e chama-se ‘Vexations’.

Eu sou uma pessoa que gosta de decifrar enigmas, e chamaria esse álbum de um caleidoscópio montado a partir de várias bandas (e não é exagero). ‘5 Steps/7 Words’ tem um quê da melhor fase do Beirut com sopros em demasia, ‘That Love’ e ‘A Burial At Sea’ remetem a algo da melancolia dos Tindersticks (claro, sem a voz do crooner Stuart Staples, e sim com a voz também imponente de Konstantin), e tudo bem se você pensar até em Radiohead na antítese calma/explosão de ‘Aureate!’. ‘Nausea’ brinca com o ouvinte fazendo ele pensar que a música seja de algum disco do The Divine Comedy.
Violinos se mesclam a canções ricas de arranjos (sem perder o charme pop-rock do passado) e trazem petardos como ‘Werner Herzog Get Shot’. Os refrões são pegajosos, sem caírem na ingenuidade, e vem carregados de emoção e com belos coros (para gritar e se cantar junto), tome por exemplo ‘We Are Free’ e ‘We Are Ghosts’. Candidatas a hits do ano aparecem, comprove ouvindo ‘Seneca’s Silence’ e ‘Angry Young Man’.
Um disco onde citar uma preferida entre 14 jóias é uma missão ingrata e impossível. E confesso, há muito tempo (muito mesmo) que não me chateio por ouvir um disco tão extenso, não faço questão de perder uma hora de minha vida. Perder? Na verdade, ganhei. Em forma de um sorriso na cara, agradeço sempre por aparecimento de músicos como Konstantin Gropper.



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