domingo, 28 de novembro de 2010

Polvo - Today's Active Lyfestyles (1993)

Essa banda americana formada em Chapel Hill, na Carolina do Norte (um dos grandes centros do indie rock dos anos 90) já está há um bom tempo na estrada, compartilhando qualidade e grandes histórias com outras bandas do math rock e do velho e genuino indie. O math rock do Polvo consiste em solidificar trechos com precisões algébricas e unificar toda essa racionalidade com a explosão à imprevisíveis rastros de acordes mais soltos e despretensiosos oriundos do indie dos anos 90.

Em 1990 a banda se formou sob a sombra do noise do Sonic Youth, grande influência do grupo, que se alimentava das dissonantes e ao mesmo tempo harmonicas canções da banda nova-iorquina. Cor-Crane Secret, seu primeiro álbum foi lançado em 1992 e não teve uma grande recepção pela crítica, embora tenha recebido resenhas favoráveis. A mesma crítica que decidiu esperar por outro álbum, afinal, a banda exibia potencial incrível e um faro para o experimentalismo tão emergente na época.

E foi em 1993 que a banda lançou seu grande êxito, a máxima expressão de sua arte: Today's Active Lyfestyles. A banda soube dosar bem o tempo das faixas, evitando que as experiências caíssem na cilada do cansaço da repetição. 'Thermal Treasure' abre o disco com a força suficiente para causar uma ótima impressão. Rápida evolução evidente, percepção musical invejável e consciência harmonica de jovens que sempre ouviram o rock progressivo, dos mais variados. E com toda essa bagagem, a mistura que já era bem aceita no meio do rock underground foi mais uma vez executada, agora por uns moleques que compunham o Polvo. Os vocais embora bem menos presentes, adornam com sujeira a sonoridade complexa do álbum. 'Tilebreaker' é a confusão transportada para ondas sonoras. Confusão num ótimo sentido, pois há uma linha estável dentro da faixa, mas há uma série de mirabolantes recursos, ruídos, distorções e cordas aparentando estourar, que a mente do ouvinte entra num frenesi extremamente arrepiante. 'Time Isn't in my Side' é a imagem, é a tradução do que podemos chamar de "tô pouco me fodendo, no final sempre sai bom". E no meio de flechadas de dissonância, não é que o som sai perfeito? E não precisa analisar profundamente os arranjos é só fechar os olhos e viajar nos ruídos de Atari, e nas cordas desobedientes e virtuosas.

Muitas bandas similares se desdobram para fazer algo mais complexo, com mais variações intrumentais, incrementos nos detalhes de produção e o cacete a quatro. O Polvo nos passa a sensação de que o som foi feito com os pés nas costas, de olhos fechados, embora o álbum conte com o dedo de Bob Weston, engenheiro de som e baixista do Shellac, o que garante que a qualidade exista, mas que a naturalidade esteja acima de tudo.




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