Liars é um grupo americano de rock (Nova York, com origens em Los Angeles), capitaneado pelo cantor e guitarrista Angus Andrew, australiano de origem. Originalmente a banda se completava com Aaron Hemphill (guitarra, percussão e sintetizador), Pat Noecker (baixo) e Ron Albertson (bateria), formação que gravou o primeiro álbum do Liars, They Threw Us All in a Trench and Stuck a Monument on Top, em 2001. Logo em seguida Noecker e Albertson saíram do grupo e Julian Gross assumiu a bateria.
Visto de hoje, They Were Wrong, So We Drowned parece bastante coerente dentro da carreira de quatro álbuns e alguns EPs do Liars. Parece também bastante contextualizado no panorama do rock experimental americano que flerta com lo-fi, no wave e sonoridade crua. Mas o tempo prega suas peças: essa constatação é o exato oposto da recepção que o segundo disco do Liars obteve a torto e a direito. Basicamente esperava-se que o sucessor de They Threw Us All in a Trench and Stuck a Monument on Top desse umas aparadas nas esquisitices do primeiro para fazer o álbum de discopunk perfeito, ou ao menos um que fosse páreo para Echoes, do Rapture. E, bom, TWWSWD não é nada disso. Quem ouviu o disco esperando atualizações de “Mr. Your on Fire Mr.” deu com os burros n’água. Mas o disco vai mais longe: não só não existe nenhuma faixa mais palatável como o próprio som cheio do primeiro disco dá lugar a arranjos mirrados com intervenções mínimas e repetitivas de instrumentos, quase sempre um mote repetido ao infinito e quase nunca mais que dois instrumentos ao mesmo tempo, a bateria estando presente em todos eles. Surgido no primeiro disco como um grupo hypado e no centro de uma cena prolífica, TWWSWD reinventou o Liars como um grupo musicalmente ambicioso e ousado demais para pertencer ao mesmo meio que agregava bandinhas edgy mas fáceis como o Interpol. Naturalmente, o ouvinte indie genérico abandonou de cara. Simultaneamente, o admirador de rock mais viajante e experimental, fã de Boredoms, Ruins, Lightning Bolt e Tortoise, viu ali a confirmação de uma banda instigante e jamais confortável em repetir fórmulas, de peito aberto à execração pública desde que isso significasse também o abandono de todos aqueles que só estavam ali porque era modinha.
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