quinta-feira, 24 de março de 2011

Franz Ferdinand

Formada por quatro rapazes escoceses e liderada por Alex Kapanos (voz e guitarra), o Franz Ferdinand vem fazendo sucesso desde 2004 quando lançou seu primeiro álbum: uma lufada de ar fresco na mesmice dos últimos tempos! De lá para cá, You Could Have It So Much Better [2005] confirmou que a criatividade e inovação são a maior característica da banda, cuja grande influência está nos The Smiths e no som new wave, meio punk da década de 80.


Em entrevista recente, o vocalista afirmou que "um dos objetivos é jamais se repetir" e isso realmente será difícil se os rapazes continuarem buscando sonoridades diferentes e resolverem utilizar novamente, por exemplo, ossos humanos como instrumentos de percussão.


Tudo gira em torno de muitos riffs de guitarra, baixo pulsante e bateria pesada em Tonight, seu terceiro disco, lançado em 2009, apenas uma leve mudança na maneira de conduzir as melodias, com relação aos álbuns anteriores. Letras inteligentes sobre relacionamentos, alguns metal funks psicodélicos (Turn It On e No You Girls), outros dances eletrônicos bem abusados (Ulysses) e guitarras distorcidas para todo lado em Can't Stop Feeling e What She Came For.


Mas o Franz Ferdinand nunca deixa de ser rock, apesar de muitas vezes soar como um grupo eletrônico: Lucid Dreams desconcerta com seus últimos quatro minutos de batida electro cheia de curvas e variações. Mas é nas duas últimas gravações do álbum, que saem as guitarras e sintetizadores, que o grupo mostra o seu lado romantic ballad. Dream Again lembra um pouco as lentinhas dos Beatles e Katherine Kiss Me, com seu violão e piano, é, ao mesmo tempo, delicada e sedutora.


Francisco Ferdinando foi um arqueduque austro-húngaro, cujo assassinato deu início à Primeira Guerra Mundial, apesar disso, não há nada de macabro nas músicas do Franz Ferdinand, mas sutileza também não é o forte da banda.


domingo, 13 de março de 2011

Cat Power - The Greatest (2006)

Olha ela de novo aqui. Considerado o melhor disco de sua carreia até hoje, o sétimo álbum de Cat Power ou Charlyn Marshall (seu verdadeiro nome) é claramente influenciado pelo jazz, blues e folk. Estilos que deve ter passado a infância inteira escutando através do pai pianista. Piano, que é também um dos instrumentos que toca, além do violão.

Esta é a Chan Marshall, no palco ela é Cat Power. Minha voz arranhada preferida.

E a descrição que a gravadora dela, a Matador Records escreveu é perfeita:

“Chan Marshall faz o tempo parar. Senta-se ao piano ou coloca a guitarra em seu colo e não importa se é um clube cheio de bêbados ou uma cafeteria cheia de pessoas usando laptops, Chan Marshall atrai toda a atenção para si e faz o mundo parar de girar. Como Cat Power, a música de Marshall parece se erguer do nada, envolve o lugar e desaparecer – as pessoas que a ouviram sabem que foram atingidas por algo, só não têm certeza pelo quê. “

Cat Power nos primeiros álbuns me lembrava tanto PJ Harvey, mas desde You Are Free (álbum de 2003) ela me lembra Cowboy Junkies - with an edge. A música amadureceu no indie-rock milieu e depois de gravar The Greatest, Chan superou suas tragédias pessoais como o alcoolismo e agora é (supostamente) o novo rosto de uma coleção de jóias da CHANEL – sim, porque Louis Vuitton não me interessa, mas reverencio CHANEL.

Cat Power “The Greatest” – ouça. MESMO.




segunda-feira, 7 de março de 2011

Radiohead - The King of Limbs (2011)

O oitavo álbum de estúdio da banda inglesa é o contraponto de seu antecessor: se o In Rainbows foi o retorno às guitarras, King of Limbs é o abandono parcial delas. A guitarra de O'Brien ainda tem presença marcante em vários momentos do disco, como em Morning, Mr. Magpie, Little By Little e na semi-acústica Give Up The Ghost, mas não tanto quanto antes. Não que isto seja um ponto negativo -- o Radiohead se sai muito bem sem guitarras, o que já foi comprovado em Kid A (2000) e Amnesiac (2001). Mas quatro anos parece muito tempo para apenas oito canções minimalistas com duração total de 37 minutos, e sem nenhuma faixa, digamos, fora do comum.


No geral, The King of Limbs é um registro orgânico e introspectivo que alcança a profundidade através das letras provocantes e da voz aguda de Yorke, das batidas cativantes, das linhas marcantes de baixo e dos loops de teclado. Com uso mais forte de sintetizadores, a sonoridade do álbum se aproxima bastante do indie electronic depressivo de Kid A e do synth-pop experimental de The Eraser, o ótimo trabalho solo de Thom Yorke -- que, aliás, é o verdadeiro "King of Limbs" da história (saca o porquê no vídeo abaixo). Mas faltam-lhe canções intensas como The National Anthem, Go To Sleep, There There, Reckoner -- e prefiro não citar alguma faixa do OK Computer para não desmoralizar completamente o disco.

Ainda assim, vale destacar o ótimo trabalho de Colin Greenwood no contrabaixo, especialmente em Morning Mr. Magpie, Little By Little e Separator, as idéias criativas de Phil Selway para a percussão (e aqui cabe mais uma mensão à Little By Little, além da "instrumental" Feral), e os lindos falsetes de Yorke em Lotus Flower. Fora isso, é só mais um bom disco do Radiohead.