sábado, 19 de fevereiro de 2011

Band o f Horses - Infinite Arms (2010)

O rock inofensivo com inclinação country da Band of Horses está de volta em Infinite Arms, último disco do quinteto norte-americano. As músicas soam familiares devido à discrição das mudanças na sonoridade do grupo, mas é perceptível como o foco está mais suave. Performances musicais vigorosas cederam lugar a canções lentas. Trata-se de um álbum perfeitamente uniforme e coeso, mas sem brilho e sem força.
O primeiro trabalho da banda foi o forte Everything All The Time (2006). A estréia revelou equilíbrio entre melancolia e esperança. Cease To Begin (2007), o segundo álbum, também recebeu críticas positivas, e foi marcado pela mudança da banda de Seattle para a Carolina do Sul, terra natal do vocalista Ben Bridwell.
O novo cenário estava sutilmente aparente. O grupo parecia confortável e já demonstrava estar mais interessado em desfrutar da paisagem do que em fazer suas músicas atingirem o topo majestosamente como antes.
Em Infinite Arms, o country alternativo da Band of Horses expandiu suas bases nessa estrutura musical sulista. A atmosfera doce e íntima resultante flui com tranqüilidade, embalando as reflexões e confissões das letras. As músicas estão impregnadas pelo estilo de vida simples e despretensioso.
Além disso, o álbum também carrega o peso da recém paternidade do vocalista e a saída da gravadora Sub Pop (agora a banda está na Columbia). O trabalho demonstra segurança sobre sua identidade e tudo parece reforçado. Mesmo com essas mudanças, o disco se mantém fiel à proposta musical do grupo, com alguns momentos que se acomodariam bem nos discos anteriores.
A abertura, "Factory", resume bem o sentimento do álbum. "Compliments" é alegre e mansa. A terceira faixa, "Laredo", é um rock com som bem americano, assim como "Bluebeard" e "Older", que vagueiam numa atmosfera perto de Chicago. Bridwell parece evocar o despertar da paternidade em "On My Way Back Home" quando canta "Eu estou salvo agora que eu sei o que devo fazer".
A faixa-título é íntima e a parte central do álbum. Nela, a banda exibe sua capacidade de transpor a vida através da música com ternura. "Dilly" tem refrão pegajoso, enquanto "Evening Kitchen" parece fruto de meditações durante a madrugada. A faixa 10, "For Anabelle", é outro country destemido. O disco é encerrado pela áspera "NW Apt." e por "Neighbour", que fala da necessidade de compaixão entre os semelhantes.
Infinite Arms é bem-sucedido no que se propõe fazer: rock n' roll à moda antiga, nascido com coração americano. É agradável e tranqüilo. Mas o disco revela certa falta de ambição, na medida em que comprova que eles nunca estarão entre os grandes. Falta inovação e um pouco da vitalidade de seu debut.